O Brasil terá na temporada 2014/15 a menor safra de café dos últimos cinco anos, devido ao efeito da estiagem e do tempo extremamente quente no início do ano, apontou nesta sexta-feira estudo divulgado pelo Conselho Nacional do Café (CNC).
A colheita de café do Brasil 14/15 cairá para um intervalo de 40,1 milhões a 43,3 milhões de sacas de 60 kg, contra 49,15 milhões de sacas na temporada passada.
A se confirmarem os números do estudo encomendado pelo CNC à Fundação Procafé, o maior produtor e exportador global de café teria a menor safra desde 2009, quando o país produziu 39,47 milhões de sacas, segundo dados do Ministério da Agricultura.
"Os investigadores da Fundação Procafé explicaram que o efeito da seca e das altas temperaturas foram mais acentuados nos cafezais com menor nível tecnológico, nos quais o produtor utilizou poucos insumos, principalmente os fertilizantes, devido aos preços avultados do mercado antes da seca", disse o CNC, que representa os produtores de café do Brasil.
A seca no país impulsionou os preços no começo do ano, com os contratos futuros em Nova York a atingir um pico de 2,0975 dólares por libra em meados de Março, o maior patamar desde Fevereiro de 2012.
Nesta sexta-feira, a commodity fechou em alta de 6%, a 1,85 dólar por libra-peso, com operadores a apontar a firmeza do câmbio no Brasil como motivo dos ganhos.
Os números apurados pela Fundação Procafé também apontam queda expressiva ante a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que havia apontado uma safra entre 46,53 milhões e 50,15 milhões de sacas, segundo pesquisa realizada antes da ocorrência da severa seca.
A pesquisa divulgada pelo CNC apontou ainda que a produção de café de Minas Gerais, o principal Estado produtor do Brasil, ficará entre 19,77 milhões e 20,97 milhões de sacas.
O tempo seco, além de afectar os cultivos, antecipou o ciclo dos cafezais, e a colheita neste ano começará algumas semanas antes do período normal.
Alguns poucos produtores, especialmente de café da variedade Robusta, já estão a colher o café.
A safra do ano que 2015/16 também será comprometida pela seca deste ano, apontou o estudo.
Espera-se que o Brasil colha de 38,7 milhões a 43,6 milhões de sacas, volume semelhante ao que se espera na safra 2014/15, após os efeitos do veraneio.
"Para a definição de qual das pontas desse intervalo será alcançada na temporada seguinte, pesará a recuperação hídrica na pós-estiagem, através de chuvas normais em Março, Abril e Maio, de forma a favorecer a recomposição da folhagem, em final de ciclo de crescimento, e o sistema radicular danificado", disse o CNC.
Pesquisadores da Fundação Procafé informaram ao CNC que, em Março, algumas áreas ainda não tiveram regime pluviométrico normal, verificando-se chuvas totais na faixa de 70-100 mm, "volumes insuficientes para a recomposição de água armazenada em maior profundidade no solo".
Essa situação poderá afectar directamente a indução floral para a safra 15/16, "já em curso, e, indiretamente, o 'pegamento' da florada, via desfolha das plantas".
Fonte: Revista Cafeicultura