Representantes da indústria do café na América Central informam que a safra de café Arábica está a ser atingida por um surto de ferrugem, de acordo com o site da Reuters.
Pequenos produtores como Graciela Alvarenga, que tem uma área plantada de menos de 1 hectare, na região de El Paraíso, nas Honduras, próximo da fronteira com a Nicarágua, foi tão atingida que agora usa as folhas e galhos das suas plantas de café como lenha. “Acho que não irei produzir nada este ano”, explica Graciela Alvarenga. “Quase perdemos a fazenda inteira”.
Um número crescente de produtores de café, como Graciela Alvarenga, dizem que assuas lavouras estão a sofrer muito mais danos do que indicam as estimativas das suas associações.
Enquanto a Organização Internacional do Café (ICO), em Londres, previu em Março que a ferrugem do café iria cortar a produção regional em um quinto, um grupo de representantes da indústria do café consultados pela Reuters, em Julho, previa uma queda de apenas 4,7%.
“Existem muitos produtores a afirmar que os danos serão menores do que o previsto”, salientou Mauricio Galindo, líder da ICO.
No ano passado, a doença atingiu todos os países produtores de café na América Central e no México, área que abriga 20% da produção de café Arábica do mundo, ameaçando reduzir drasticamente a produtividade e as receitas de exportações que são muito necessárias para alguns dos países mais pobres do hemisfério.
Outro problema para os pequenos produtores da América Central são as expectativas de safras recordes de grandes produtores como o Brasil e o Vietname, que vêm a deixar os preços mais baixos. O preço do contrato futuro mais activo para o Arábica já caiu mais de 60% desde que atingiu o pico de 3 dólares por libra em 2011, enquanto os custos de produção sobem na América Central e no México.
"A ferrugem está a prejudicar-nos muito, mas o pior são os preços baixos”, explica Felipe Mendoza, produtor de uma área de dois hectares em El Paraíso.
No entanto, as autoridades locais informam que as perdas parecem ter estabilizado devido à diminuição das chuvas, que promoveram o desenvolvimento da ferrugem, e devido ao uso eficiente de fungicidas.
Na Nicarágua, por exemplo, 36% da produção de 126 mil hectares no país estão classificadas pelo Ministério da Agricultura como “contaminadas”.
Fonte: Revista Cafeicultura