O consumo mundial de café parece não ceder às recentes turbulências económicas. Para a Organização Internacional do Café (OIC), o produto tem resistido bem à crise europeia. E apesar da queda recente das cotações do produto, a entidade afirma que os fundamentos ainda não indicam excesso de oferta. Observação ratificada pelo recuo, nos últimos anos, da taxa de stock sobre o consumo. Os stocks totais de café nos países exportadores são estimados em 17,6 milhões de sacas em 2011, contra 18,5 milhões em 2010, e 20,5 milhões de sacas em 2009, de acordo com a OIC.
Apesar de não ter ainda os números finais do ano passado, a OIC faz três estimativas para o consumo mundial do grão em 2020. O cenário optimista indica uma procura de 172, 8 milhões de sacas; o intermediário aponta para 164,6 milhões de sacas; e o conservador, para 156,7 milhões. Em 2010, foram consumidas 135 milhões de sacas. Os incrementos previstos para 2020 na comparação com 2010, segundo as mesmas três divisões, são de 28%, 21,9% e 16,07%, respectivamente.
De 2000 a 2010, 0 consumo mundial de café subiu 27,4%, a uma taxa anual de crescimento de 2,5%. Em 2000, foram consumidas 105,96 milhões de sacas. Nos mercados tradicionais, a taxa de expansão foi de 1,1% no período, enquanto que nos países produtores da commodity foi de 4,6% e nos países emergentes chegou a 3,6%.
O director executivo da OIC, Robério Silva, afirmou que a tendência é os países produtores e os emergentes continuarem a responder pela maior expansão do consumo. “Projectamos um aumento maior do consumo nos emergentes, mas os planos também incluem um maior dinamismo nos países tradicionais”, afirma.
A produção mundial passou de 123 milhões de sacas, em 2000/01, para 128,5 milhões de sacas em 2011/12 (ainda uma projeção). Na temporada anterior, 2010/11, foram colhidas 134,3 milhões de sacas. O avanço da produção na década é de 13,71%.
Na semana passada, realizou-se mais uma sessão do Conselho Internacional do Café, em Londres. Robério Silva evidenciou, durante o evento, que a produção de café tem de levar em conta o equilíbrio entre oferta e procura, e que os cafeicultores têm de ter cuidado para não inundarem o mercado. “A produção não pode cresceu desmesuradamente”, salientou.
A queda das cotações em Nova Iorque, segundo ele, está no “cerne da preocupação” da OIC. Ele explica que o recuo dos preços futuros é reflexo do aumento das exportações, mas não existe excesso nos stocks dos países produtores e exportadores. “Certamente é algo temporário. A taxa de stock sobre o consumo tem vindo a cair ao longo do tempo, é uma situação de preços a curto prazo.”
Fonte: Revista Cafeicultura