Um novo estudo revela que os consumidores de café não têm maior risco de contrair enfermidades como doenças cardíacas ou cancro. De facto, são menos susceptíveis de desenvolver diabetes tipo 2, a forma da doença que está relacionada com a obesidade.
“Nós não encorajamos as pessoas a começarem a beber café, se elas não o apreciam, mas a evidência global sobre café e saúde sugere que não há razão para que pessoas, sem condições de saúde específicas, reduzam o consumo de café a fim de reduzir o risco de desenvolver doenças crónicas”, afirmou Rob van Dam, professor na National University of Singapore, que não esteve envolvido neste estudo.
Em alguns casos, o consumo de café tem sido relacionado com um aumento de doenças cardíacas, cancro, acidentes vasculares cerebrais e muito mais. Em outros casos, o consumo de café parece benigno e até mesmo benéfico.
“Houve resultados contraditórios em estudos anteriores, no que diz respeito ao efeito do café no risco de doenças crónicas, dependendo do tipo de doença”, afirmou Anna Floegel, autora principal do estudo e epidemiologista no German Institute of Human Nutrition Potsdam-Rehbruecke. “Por essa razão decidimos investigar diferentes doenças ao mesmo tempo, para estimarmos o efeito global do consumo de café na saúde”.
Os investigadores, que publicaram as suas conclusões no American Journal of Clinical Nutrition, reuniram informação, no início do estudo, sobre hábitos de consumo de café, dieta, exercício e saúde de mais de 42.000 alemães adultos sem quaisquer situações crónicas. Nos nove anos seguintes, a equipa seguiu os participantes a cada dois ou três anos para determinar se desenvolveram problemas de saúde. Em particular, o grupo liderado por Anna Floegel, procurou casos de doenças cardiovasculares, AVC’s, ataques cardíacos, diabetes e cancro.
Constataram que os consumidores de café e os não consumidores tinham um risco similar de desenvolver uma destas doenças. Por exemplo, 871 dos 8.689 não consumidores desenvolveram uma doença crónica, em comparação com 1.124 de 12.137 pessoas que consumiam mais do que quatro chávenas de café por dia – cerca de 10% em ambos os grupos.
“Os nossos resultados sugerem que o consumo de café não é prejudicial para adultos saudáveis, no que diz respeito ao risco de doenças crónicas”, afirmou Anna Floegel à Reuters Health por email.
Por outro lado, a equipa de investigadores descobriu que os consumidores de café têm menos probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 do que aqueles que não consomem a bebida.
Entre os que consumiam quatro chávenas por dia, 3,2% relataram mais tarde que tinham diabetes tipo 2, em comparação com 3,6% das pessoas que não ingeriam café.
Depois de levar em conta factores que poderiam influenciar a diabetes, tais como peso e tabagismo, os investigadores determinaram que as pessoas que consumiam café com frequência foram 23% menos propensos a desenvolver diabetes. Isto não significa que o café seja responsável pela prevenção da diabetes tipo 2.
O componente mais famoso do café – a cafeína – não deverá estar envolvido, uma vez que a equipa de Floegel descobriu que os consumidores frequentes de descafeinado também tinham um menor risco de desenvolver diabetes do que pessoas que não consumiam café.
Floegel afirmou que gostaria que estudos futuros investigassem as possíveis explicações biológicas para o papel do café na diabetes, e como as pessoas que já têm diabetes respondem ao café.
Fonte: Reuters Health