Uma investigação realizada ao longo de seis anos, por professores dos departamentos de Fitopatologia e Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa (Brasil), esclareceu um dos mais intrigantes mistérios científicos a respeito da ferrugem – principal doença no cafeeiro.
A descoberta da chamada criptossexualidade no fungo Hemileia vastatrix pode conduzir à criação de estratégias mais eficazes para aumentar a resistência da planta à ferrugem. Um problema que, no Brasil, causa prejuízos anuais estimados em 35 a 40% da produção.
Uma das principais dificuldades para se controlar o Hemileia vastatrix é a sua variabilidade genética, considerada surpreendente pelos investigadores. Sempre que se desenvolve uma variedade de cafeeiro resistente à doença, o fungo surge geneticamente renovado, quebrando a resistência.
Durante muito tempo não foi compreendido como isso acontecia, uma vez que, em teoria, o fungo da ferrugem do cafeeiro só se reproduzia de forma assexuada. “Na reprodução assexuada, cada esporo reproduz uma colónia idêntica à anterior, mas isso não ocorre no caso da ferrugem do cafeeiro”, afirma o Prof. Robert W. Barreto, do departamento de Fitopatologia da UFV. Segundo ele, as estruturas assexuadas da ferrugem, na verdade, funcionam como sexuadas. “Os eventos típicos da reprodução sexuada acontecem de modo oculto, dentro das estruturas sexuadas, o que passou despercebido aos investigadores durante mais de cem anos”, explica. A descoberta do que foi denominado ‘criptossexualidade’ (do grego krypto, que significa escondido) só foi possível graças à aplicação pioneira de técnicas de citometria de imagem, “que nunca haviam sido usadas antes para esse propósito”, ressalta o investigador.
Os resultados da investigação foram publicados pelo Prof. Robert Barreto, juntamente com os Prof. Carlos Roberto Carvalho, do departamento de Biologia Geral, e o Prof. Harry C. Evans, do departamento de Fitopatologia, na revista internacional PloS ONE.
Fonte: Revista Cafeicultura