O terceiro produtor de café da América do Sul, o Peru, terminará o ano com um balanço negativo da colheita, por uma escassez de mão de obra e pelo avanço de uma doença fúngica.
A situação levou o Peru a estimar uma queda de aproximadamente 25% na safra 2012, para 5,5 milhões de sacas de 45 quilos, na comparação com a temporada passada.
Mesmo assim, para o próximo ano, o governo prevê um retorno aos níveis de produção registados em 2011, como resultado de uma melhor fertilização e renovação das plantações. “Este ano tem havido uma diminuição principalmente em consequência do esgotamento natural das plantações, que no caso do café já são antigas, e também pelo baixo nível de uso de tecnologias”, afirmou à Reuters o ministro da Agricultura, Milton Von Hessen.
O Peru, que tem no café o seu principal cultivo, está atrás do Brasil e da Colômbia, na América do Sul, na produção de café. A queda na produção é maior que a esperada pelos produtores.
O gerente geral da Junta Nacional do Café, Lorenzo Castillo, afirmou à Reuters que alterações climáticas no padrão das chuvas estão a afectar a maturação dos grãos e, em consequência, toda a produção do país andino. “A queda não devia ser de mais de 10%, mas no Peru tem sido muito alta essa oscilação, devido ao facto de 70% das plantações serem velhas..., a isso tem que se somar o mau tempo”, afirmou.
O clima não é o único problema. O governo diz que a falta de fertilizantes tem gerado um enfraquecimento dos cafezais. O fungo roya, que causa uma queda prematura das folhas dos cafeeiros, também tem afectado a produção. A falta de mão-de-obra é outro factor.
Milton Von Hessen salientou que a produção de coca representa uma forte concorrência para os produtores de café no momento de contratar pessoal, devido a uma significativa diferença salarial entre as actividades. “Este é um eterno problema com o narcotráfico, como é um negócio que está a perder espaço, recorrem a maiores salários para os trabalhadores, e aí aparece a concorrência salarial”, acrescentou.
Os cafeicultores afirmam que enquanto o sector paga entre 35 e 40 soles (13 e 15 dólares diários), o narcotráfico paga até 100 soles (38 dólares).
Fonte: Reuters