Subscrição de CoffeeLetters

Numa plantação com 35 mil cafeeiros, no estado de São Paulo (Brasil), foram instalados 12 equipamentos, denominados anéis, que vão libertar dióxido de carbono nas plantas, de acordo com a direcção dos ventos. A intenção dos investigadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é saber os efeitos da mudança do clima numa das principais culturas agrícolas do Brasil. Os grãos testados serão o ubatã e o catuaí-vermelho, este último é um dos mais plantados no país.
“Queremos saber o que vai acontecer com a cultura do café em diferentes aspectos. Vamos monitorizar as alterações dessas plantas que receberam o gás ao longo do tempo. É a primeira vez no mundo que será testada a resistência do café às alterações climáticas”, afirma Raquel Ghini, investigadora e coordenadora do projecto ‘Climapest’, que envolve o ‘Face’ (sigla para Free Air Carbon Dioxide Enrichment), que simula um aumento do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Os especialistas vão analisar, por um período mínimo de dois anos, o efeito desta maior concentração sobre os grãos. Será observado se o solo da plantação foi afectado, se há aumento da densidade de pragas, ou mesmo mutações genéticas que dificultariam o seu combate, se o período de crescimento da planta se alterou, e ainda se o excesso do gás de efeito de estufa prejudicará o sabor da bebida.
“Para chegarmos ao resultado, vamos simular ainda a modificação no sistema de chuva devido ao aumento da temperatura nos próximos anos, conforme previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Por isso a irrigação dos cafeeiros também passará por alterações”, explica Raquel Ghini.
Fonte: Revista Cafeicultura