Mesmo em crise devido ao excesso de chuvas, queda nos preços internacionais, alto custo de transporte e supervalorização do peso colombiano frente ao dólar, os cafeicultores mantêm o país em quarto lugar no ranking mundial de produção. A tradição é passada de pai para filho e movimenta metade dos municípios.
Em 2012, a produção de café representou 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) colombiano. O cuidado com o café é justificado pela espécie produzida. O Arábica suave é considerado um dos melhores pela suavidade e aroma. A espécie é cultivada em pequenas propriedades, com tamanho médio de 1,6 hectare, nas montanhas das cordilheiras colombianas, entre 1,2 m e 1,8 m acima do nível do mar.
Segundo a Federação Nacional dos Cafeicultores, quase sempre a produção é familiar. Ao todo, o país tem 563 mil produtores e em mais da metade dos municípios há produção de café. “O clima das montanhas é ideal para o plantio e, por isso, o do café Arábica colombiano é cultivado em altitudes elevadas e em pequenas propriedades”, explicou o gerente de comunicação da entidade, Luis Fernando Samper.
Embora enfrentem problemas para manter o cultivo, os produtores permanecem apegados à cultura do café. É o caso de Erman Lozada, 36 anos, que tem uma pequena propriedade no departamento de Huila. Ele participa dos protestos de quase 50 mil cafeicultores que bloqueiam, desde segunda-feira (25), as principais estradas do país.
Luis Samper explicou que trabalha com o plantio de café há 15 anos, na terra herdada do pai, que também era cafeicultor. “Estamos na terceira geração de cafeicultores. O café que produzimos é delicado e exige colheita manual para que a qualidade seja mantida. Mas está cada vez mais difícil para nós. O que ganhamos não cobre a produção e quase todos por aqui devem muito ao banco”, desabafa. Mesmo assim, salientou que lutará para continuar a plantar café e quer que os filhos sejam cafeicultores. “Espero que esta fase melhore. O café é nossa herança e é o que sabemos fazer”, comenta.
O “orgulho” do café é uma tradição na Colômbia. A entidade sindical é a cooperativa que reúne os produtores. Embora existam divergências e grupos dissidentes, a federação representa os produtores e é responsável por promover o café colombiano no país e no mundo.
Com esse objetivo, os cooperados criaram as lojas Juan Valdez, nome de um personagem que representa o típico cafeicultor colombiano, pelas roupas de algodão usadas para a colheita e o chapéu de palha. A marca Juan Valdez tem mais de 200 cafetarias no país e no mundo, em países como Peru, Espanha, Estados Unidos, México e Equador. Atualmente, a marca procura crescer por meio de franchisings.
Luis Samper explicou que as lojas ajudam a divulgar o produto dos cafeicultores e a fixar o café colombiano como marca de qualidade no mundo. E apesar da crise enfrentada pelo sector, ele acredita que a fase será superada. “Temos procurado novos segmentos e investido em pesquisas para aprimorar a qualidade do café”, destacou.
A Colômbia promove o turismo do café. Na região do Triângulo do Café, ou Eixo Cafeeiro, existem hotéis, resorts, fazendas e parques destinados ao descanso e ao lazer. A região, com clima temperado e paisagem verde é um atrativo, assim como os parques temáticos que contam a história do café no país.
As pequenas propriedades produtoras têm roteiros de visitas turísticas para que as pessoas conheçam o trabalho e o estilo de vida dos produtores. Nesses passeios é possível passar um dia numa fazenda, colher o café manualmente e participar de todas as etapas do processo de produção do grão.
“Queremos que a cultura do café prevaleça sobre a adversidade e seja conhecida no mundo. Isso faz parte da Colômbia”, acrescentou Luis Samper.
Fonte: Agência Brasil