Um bom apreciador de café sabe que é diferente tomar um café tipo infusão, de um café preparado numa cafeteira italiana ou de um café expresso. O sabor, a textura e até o efeito da cafeína no organismo, variam em função do processo de preparação.
Segundo um estudo recente, a concentração de furanos – compostos tóxicos, e potencialmente cancerígenos, que se podem formar durante o processamento térmico de alimentos e bebidas – não é excepção. O estudo, desenvolvido na Universidade de Barcelona, demonstra que os cafés preparados em máquinas de café expresso e, principalmente, os armazenados em cápsulas – uma das formas mais actuais de preparação de cafés – contêm níveis mais elevados de furanos, embora em quantidades consideradas seguras para a saúde.
A investigação, desenvolvida pelo Departamento de Química Analítica da universidade espanhola, quantificou, com recurso a um método analítico automatizado, os furanos em diferentes tipos de cafés – normal, solúvel e descafeinado -, preparados de diferentes formas.
Os resultados do estudo revelaram concentrações de furanos mais elevadas no café expresso (43-146 nanogramas/mililitro) do que no café preparado por infusão, tanto no café normal (20-78 nanogramas/mililitro), como no descafeinado (14-65 nanogramas/mililitro).
O café solúvel registou a menor quantidade de furanos (12-35 nanogramas/mililitro), enquanto o café em cápsulas alcançou os níveis mais elevados (117-224 nanogramas/mililitro).
Ao que parece, as cápsulas de café, que estão hermeticamente fechadas, impedem a saída dos furanos que são muito voláteis. Este factor associado ao facto de as máquinas desenhadas para este tipo de cafés exercerem maior pressão de água quente, e favorecerem o arrastamento dos furanos até à bebida, levam a que este café apresente níveis superiores de compostos tóxicos. Por outro lado, quanto mais tempo permanecer o café na chávena, mais se volatiliza o composto e mais se reduz a concentração de furanos.
Segundo determinam os autores do estudo, em todos os casos a concentração de furanos está dentro dos níveis considerados seguros para a saúde. As estimativas dos investigadores determinam que seria necessário tomar por dia 20 cafés de cápsula, 30 cafés expresso ou 200 cafés solúveis, para alcançar os valores máximos admissíveis (tendo como referência uma pessoa com 70 quilos de peso corporal e uma dose de café com 40 mililitros).
Por outro lado, o estudo também estabeleceu uma relação entre os níveis de furanos e os processos de torra do café. Cafés torrados a temperaturas mais reduzidas e durante períodos de tempo mais longos, apresentam características semelhantes aos torrados a temperaturas mais elevadas, mas com concentrações reduzidas de furanos.
Fonte: Qualfood