Sabe-se que os preços das commodities são muito sensíveis ao movimento de aversão ao risco dos mercados financeiros. Em períodos de desaceleração da economia, como se observa na Europa e nos Estados Unidos, a procura dos investidores por activos de risco tende a reduzir bastante.
De acordo com projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI), as cotações das commodities devem apresentar uma trajectória declinante nos próximos anos. E o café, como uma das principais commodities agrícolas comercializadas mundialmente, seguirá a mesma tendência.
O grau de incerteza com relação à capacidade de recuperação das economias dos países desenvolvidos dará o tom baixista das cotações internacionais. Além disso, a história mostra que os mercados futuros, como o próprio nome indica, agem prospectivamente, só que olham para o futuro próximo: no caso, as estimativas da safra 2012/13.
Esse mercado atenta que as condições actuais de fragilidade da oferta e da procura se contrapõem às previsões de que a safra do Brasil, maior produtor mundial, pode chegar a 52 milhões de sacas no próximo período, ante 43 milhões produzidos no anterior. Mesmo que essa perspectiva não se realize, já que ainda é muito cedo para saber se não haverá problemas climáticos no caminho, ela é um ‘prato cheio’ para quem vive de especulações.
Ao longo das últimas décadas, o crescimento da procura tem levado a um ajuste “forçado” da oferta, com redução dos stocks mundiais. O nível de stocks nos países exportadores alcançou 17,4 milhões de sacas de café, o menor já registado. Perante isso, não parece difícil imaginar que os preços devem manter-se em patamares elevados, apesar das especulações baixistas, uma vez que para a commodity café há uma relação bastante ténue entre a oferta e a procura do produto no longo prazo.
Portanto, vemos que, embora o agravamento do cenário económico internacional seja relevante para o comportamento das cotações, os motivos para a sustentação ou para a queda de preços são mais complexos quando procuramos observar as tendências de longo prazo.
Fonte: Revista Cafeicultura