Subscrição de CoffeeLetters

Com o ano 2013 a começar, dois pontos chamam a atenção na cafeicultura mundial. O primeiro é a repentina e intensa queda nas cotações, as quais são pressionadas por factores divergentes do que indica o cenário fundamental, e o segundo é a dificuldade vivenciada nas lavouras de café da América Central – quase que como um todo – em função de adversidades climáticas, falta de investimentos e, principalmente, pelo ataque do fungo roya, causador da ferrugem. Os relatos mais recentes apontam que os principais países produtores do continente devem sofrer perdas de 5% a 40% na safra cafeeira somente em consequência de incidência da ferrugem.
Por outro lado, o México, cujas previsões iniciais apontavam um crescimento de até 20% na safra 2012/13, agora passa a rever os seus prognósticos também em função da ferrugem. Segundo notícias de agências internacionais, Rodolfo Trampe, presidente da Associação Mexicana de Produção de Café (Amacafe), apontou que uma contaminação incomum e agressiva do fungo roya nos cafezais do estado de Chiapas está a ameaçar reduzir a produção actual do país. Segundo ele, a safra tinha potencial para crescer até 20% neste ciclo, mas o surto da doença ameaça esse avanço. O México colheu 4,3 milhões de sacas em 2011/12.
Não obstante, a própria Organização Internacional do Café (OIC), no seu relatório sobre o mercado referente a Dezembro de 2012, reduziu em 1,3% a sua estimativa de produção mundial no ciclo 2012/13, para 144,1 milhões de sacas. De acordo com a entidade, a revisão deveu-se ao facto de alguns países da América Central terem sido afectados por clima adverso, pragas e doenças. Além disso, a OIC acrescentou que relatos de ferrugem em vários países Centroamericanos poderão encurtar ainda mais essa projecção, valendo o mesmo alerta para o caso de ocorrência da broca.
Esse cenário preocupante sobre a sanidade dos cafezais Centroamericanos fica ainda mais grave ao observarmos o comportamento dos preços praticados. Com as cotações em níveis que praticamente equivalem aos custos de produção, não há como o produtor de café investir no combate ou no controlo da ferrugem ou de quaisquer outras pragas e doenças que venham a incidir sobre as lavouras. Caso o mercado não reaja, fazemos o alerta que o equilíbrio entre oferta e procura mundial poderá perder-se e poderemos notar escassez do produto no curto e médio prazos.
Fonte: Revista Cafeicultura