Além de maior produtor e exportador, bem como segundo maior consumidor de café do mundo, o Brasil começa hoje a destacar-se como um dos principais fornecedores mundiais de cafés especiais.
Actualmente, quase todas as regiões cafeeiras do Brasil produzem grãos especiais, definidos pela sua qualidade e excelência, mas também pela combinação de valores sócio-ambientais. O Brasil não produz somente um único tipo de café, contando já com uma pluralidade de sabores e aromas.
Várias são as razões que concorrem para que um determinado café possa ser reconhecido como especial. Possuir uma característica específica na percepção das suas qualidades sensoriais, um sabor e aroma únicos e distintos do café comum, uma produção orgânica, uma origem controlada ou ser raro e exótico são factores que determinam claramente a sua classificação.
Embora os atributos sensoriais sejam os mais significativos na definição de um café especial, os aspectos ambientais e sociais estão a adquirir progressivamente uma maior preponderância na caracterização do produto. Quando não é possível estabelecer-se uma diferenciação em termos sensoriais, a distinção faz-se com base em certificações de origem e uso de selos de garantia.
A par dos atributos específicos associados ao produto (características físicas, como origens, variedades, cor e tamanho do grão; e sensoriais, como qualidade da bebida), o café especial deve reunir atributos relativos ao processo de produção (como condições de trabalho de mão-de-obra), tendo como premissas fundamentais a sustentabilidade económica, social e ambiental. Para além disto, existem outros factores que influenciam directamente a especificidade de um café especial: região onde é produzido, sistema de produção e manejo da lavoura, condições climáticas durante a maturação e colheita, bem como os cuidados nas fases de colheita, processamento pós-colheita (secagem e armazenamento), rastreabilidade do produto, fase de industrialização (torra, moagem, embalagem) e preparação do produto.
Apesar da maior parcela de cafés especiais ser exportada, este é o segmento que mais cresce no Brasil, comparativamente com o dos tradicionais. A população tem começado a aderir a este produto diferenciado e a indústria tem-se esforçado por satisfazer as necessidades do consumidor mais exigente. Para além da procura interna estar a impulsionar o aumento dos investimentos na produção de grãos especiais, a abertura de novas cafetarias e a diversificação das formas de servir o grão especial tem dado um estímulo considerável ao consumo e ao crescimento deste segmento de mercado.
A crer em dados disponibilizados pela BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), a procura pelos grãos especiais cresce cerca de 15% ao ano, por comparação com o crescimento de cerca de 2% registado ao nível do café tradicional. O segmento dos especiais representa hoje cerca de 12% do mercado internacional da bebida.
No que diz respeito aos principais mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros, o Japão, Estados Unidos e a União Europeia estão nas posições cimeiras. Em relação ao consumo interno do produto, das 19,7 milhões de sacas consumidas no Brasil, um milhão é relativo a cafés especiais. Adicionalmente, a produção de cafés especiais no Brasil representa hoje cerca de 15% do total produzido no mundo, o que prova, por si mesmo, o peso assinalável que o país tem alcançado na produção desta qualidade de cafés.
Fonte: Hostel Vending portugal