Subscrição de CoffeeLetters

Os problemas económicos crescentes chegaram à alma do sul da Europa: o café da esquina. Em toda a região, à medida que o desemprego, os cortes de salários e os aumentos de impostos corroem o orçamento doméstico, os consumidores estão a abrir mão de ir tomar café diariamente nos bares – que também são chamados de cafés e considerados os pilares da vida social.
Embora o consumo de café per capita da Europa continue entre os mais altos do mundo, a procura por opções mais baratas está a crescer. Essa tendência virou de cabeça para baixo os mercados de café, onde por mais de dois anos o cobiçado café Arábica havia sido negociado a um preço bem mais alto que o seu símile mais amargo, o Robusta.
O preço do grão Arábica já caiu 30% este ano, enquanto o do Robusta subiu 18%, movimentos que os operadores atribuem em grande parte à mudança da procura na Europa. De facto, a diferença entre os preços dos dois tipos de café tinha caído há pouco tempo para o seu menor valor desde Julho de 2009, quando os problemas da dívida do velho continente tomavam forma.
O café Arábica para entrega em Setembro está a custar cerca de US$ 1,60 a libra (cerca de US$ 212 a saca de 60 quilos) na bolsa americana de futuros ICE. Já o Robusta está a US$ 2.006 a tonelada (US$ 120 a saca) na LIFFE Nyse de Londres.
“Os consumidores europeus não devem voltar às misturas mais caras tão cedo”, afirmou James Hearn, director da área de agricultura da corretora Marex Spectron. “As misturas com um teor maior de Robusta são mais baratas, e os consumidores parecem satisfeitos com o sabor”, reforçou.
Apesar das importações de café na União Europeia como um todo, no período de seis meses encerrado em Abril de 2012, tenham ficado no mesmo nível de há um ano atrás, segundo os dados disponíveis mais recentes da OIC (Organização Internacional do Café), os números das economias mais atingidas contam uma história diferente. As importações de café da Espanha diminuíram 6,6% e as da Itália 2,9%. Nos mercados economicamente mais estáveis da Alemanha e da França, as importações aumentaram 0,4% e 1,3% respectivamente, segundo a OIC. A Europa importa mais da metade da produção mundial de café todo o ano, afirma a OIC.
As principais operadoras de commodities afirmam que observaram um aumento na procura por Robusta. Trata-se de uma mudança em relação a um ano atrás, quando o preço do Arábica atingiu um pico de 14 anos e os torrefactores adicionavam mais Robusta para reduzir custos.
No fim de Julho, os stocks de café arábica certificado pela bolsa atingiram o seu nível mais alto desde Outubro de 2010, um sinal de enfraquecimento da procura. Já os inventários de Robusta estavam no seu ponto mais baixo desde Maio de 2009.
Fonte: The Wall Street Journal