Nos últimos 50 anos, o mercado de café foi caracterizado por um período de mercado regulado com intervenção directa por meio de um sistema de cotas de exportação, e um segundo intervalo sem intervenção directa, de 1990 até ao momento, de acordo com a Organização Internacional do Café (OIC).
Os níveis de preços durante o período de mercado regulamentado foram relativamente altos, já que as oscilações eram corrigidas por meio da aplicação de cotas, afirma o estudo da entidade. Mas de 1999 a 2004 ocorreu a maior crise de preços baixos da commodity, com consequências negativas sobre as economias dos países exportadores de café, afirma a OIC. Entretanto, a recuperação das cotações do produto começaram na safra 2004/05, embora a oscilação continuasse no mercado e os custos de insumos para a produção, principalmente fertilizantes e mão de obra, continuaram a subir. A situação da oferta, uma das principais fontes de volatilidade dos preços de commodities, é uma das principais preocupações do mercado mundial de café.
A média da taxa anual de crescimento da produção mundial de café entre as safras 1963/64 e 2012/13 foi de 2,3%, com 2,8% no período de mercado regulado e de 2% durante o “mercado livre”.
A média da produção durante 1990/91 para 2012/13 foi de 112,8 milhões de sacas, na comparação com 76,3 milhões entre 1963/64 a 1989/90. Com excepção de África, todas as regiões de cultivo de café registaram um crescimento constante na sua produção.
O consumo mundial de café aumentou a uma taxa média anual de 1,9% durante os últimos 50 anos, de 57,9 milhões de sacas em 1964 para 142 milhões em 2012. Esse aumento foi maior de 1990 a 2012, aponta a OIC, com média de expansão de 2,1% ao ano. Durante a última década, o consumo mundial cresceu consideravelmente, de 105,5 milhões de sacas em 2000, para 142 milhões em 2012, um aumento de 34,6% em 12 anos. Liderado pelo Brasil, o consumo interno nos países exportadores cresceu significativamente, 64,7%, de 2000 a 2012, para 43,5 milhões de sacas e representando 30,6% do consumo mundial em 2012.
Destaque para o incremento do consumo de café nos mercados emergentes, que saiu de 2,9 milhões de sacas em 1964 para 27,9 milhões de sacas em 2012, aumento de 855,1%. Nos próximos anos, esses mercados devem continuar a crescer, estima a OIC.
Já nos países importadores, o consumo do produto aumentou a taxas inferiores, de 47,5 milhões de sacas em 1964 para 98,6 milhões em 2012, um crescimento de 107,57%. De 1990 a 2012, a taxa média anual de expansão do consumo nesses mercados foi de 1,5%.
O estudo da OIC indica que a produção mundial aumentou constantemente durante os últimos 50 anos, apesar de problemas climáticos. Isso seria difícil de ser mantido, principalmente diante do aumento dos custos de produção, assim como em função de problemas relacionados a pestes e doenças que poderiam afectar a expansão. Além disso, uma mudança climática também poderia ter um impacto negativo no cultivo em muitos países, a menos que pesquisas urgentes pudessem trazer soluções de adaptação. Por outro lado, existem as perspectivas de maior demanda mundial por café, principalmente em países emergentes e exportadores, além da expansão de nichos de mercado em países consumidores tradicionais do produto.
O crescimento do consumo global poderia manter um equilíbrio entre oferta e procura, conclui o estudo da OIC.
Fonte: Revista Cafeicultura