O café que toma no meio da tarde ou no intervalo do trabalho pode regular a pressão sanguínea e evitar o surgimento de doenças como o enfarte e o acidente vascular cerebral (AVC). É o que demonstra um estudo realizado por investigadores japoneses e divulgado, nesta semana, no congresso científico da Associação Americana do Coração. Cientistas da Universidade de Ryukyu, em Okinawa, realizaram um estudo com 27 voluntários para chegar a essa conclusão.
Os participantes ingeriram uma chávena da bebida com e sem cafeína. Depois, os investigadores mediram a pressão do fluxo sanguíneo de um dedo dos participantes ao longo de 75 minutos. O exame foi feito por meio de um laser e de uma sonda não invasiva. De acordo com os resultados, os voluntários que haviam ingerido cafeína tiveram uma melhoria na circulação sanguínea.
“O café melhorou significativamente o fluxo de sangue em uma hiperemia reactiva pós-oclusiva do dedo, que é uma medida que diz quanto o revestimento interior dos menores vasos sanguíneos do organismo trabalha. Isso dá-nos uma pista sobre como o café pode ajudar a melhorar a saúde cardiovascular”, declarou Masato Tsutsui, cardiologista e professor do Departamento de Farmacologia na Universidade de Ryukyu e um dos autores do estudo.
Para dar mais validade ao trabalho, os cientistas utilizaram na investigação participantes que não tinham o hábito de beber café. Após dois dias da primeira parte do estudo, a experiência foi repetida e apresentou o mesmo resultado. Masato Tsutsui acredita que a composição do café auxiliou no “desempenho” da circulação sanguínea. “Depois de beber o café, os ingredientes farmacológicos, incluindo a cafeína, são absorvidos pelo tracto gastrointestinal e entram na circulação, possivelmente produzindo esse efeito”, destaca.
O cardiologista ressalta que os resultados atingidos precisam ser confirmados por estudos clínicos em larga escala, com um número maior de participantes. “Acredito que descobrir como os efeitos positivos do café trabalham no corpo humano pode levar a uma nova estratégia de tratamento para a doença cardiovascular no futuro”, complementa.
Para Fausto Stauffer, coordenador de cardiologia do Hospital Santa Helena, em Brasília, os resultados atingidos são interessantes e tratam de uma bebida que tem sido alvo de estudos frequentemente na área médica, mas a pesquisa liderada por Masato Tsutsui, segundo ele, demanda novas análises. “É um estudo interessante, mas devemos nos lembrar que ele demonstrou o efeito da cafeína num parâmetro bastante específico, que é o fluxo sanguíneo do dedo dos voluntários. O trabalho pode apenas sugerir que, talvez, esse seja um mecanismo de proteção cardiovascular, mas não há como, a partir desse pequeno estudo, inferirmos que isso é uma verdade absoluta.”
Fausto Stauffer afirma que outros estudos também recentes sugerem que o consumo moderado do café não aumenta o risco de doenças cardiovasculares e que, ao contrário, pode até mesmo diminuir as chances do surgimento de doenças que comprometam os vasos sanguíneos e o coração. “Trabalhos desse tipo contribuem para aumentar o conhecimento na área cardiológica, pois indicam caminhos para que novos estudos maiores e mais elaborados sejam feitos”, avalia.
Fonte: Sites UAI