A produção mundial de café pode diminuir, pois a queda dos preços do Arábica deve incentivar produtores a migrar para commodities mais lucrativas ou vender suas terras para empreendimentos imobiliários, projectou o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Oliveira Silva, nesta quinta-feira. "Tudo representa competição para o café no momento", afirmou. A oferta ampla de café Arábica tem empurrado o prémio do Arábica ante o Robusta, espécie mais barata. Em 7 de fevereiro, a diferença de preço entre os futuros de Arábica e Robusta atingiu o seu ponto mais estreito desde Abril de 2009, em 45,54 centavos de dólar por libra-peso. O Arábica é negociado na Bolsa de Nova Iorque (ICE Futures US), enquanto o Robusta é cotado na Bolsa de Londres (Euronext Liffe).
O preço baixo actual do Arábica significa que agricultores podem ser facilmente atraídos por culturas mais rentáveis, afirmou Robério Silva. "A safra recorde de 50,8 milhões de sacas do Brasil em 2012/2013, aliada à colheita de 2013/2014, estão a pesar sobre o mercado. A fraca procura em tradicionais mercados consumidores de café, que crescem em torno de 1% ao ano, também contribui para o sentimento baixista generalizado", de acordo com o executivo. No Brasil, culturas como laranjas e cana-de-açúcar competem com o café. Em África, o mercado imobiliário é o maior concorrente por área, conforme Robério Silva. "Os governos precisam fazer mais para ajudar cafeicultores, e os incentivos financeiros devem ficar intactos para os produtores continuarem a produzir café", acrescentou.
Fonte: Revista Globo Rural